A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) concluiu o inquérito que resultou no indiciamento da blogueira Cileide Moussallem, dona do portal CM7, pelos crimes de injúria, difamação e ameaça contra a jornalista Paula Litaiff, diretora-geral da REVISTA CENARIUM. A investigação, registrada sob o número 1683/2025 e conduzida pela Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Cibernéticos (Dercc), apontou que os ataques ocorreram em novembro de 2024 e envolveram até mesmo mensagens direcionadas às filhas da jornalista, de 9 e 10 anos.
Segundo o relatório do delegado Henrique Brasil Couto Batista, o indiciamento foi embasado em provas documentais, depoimentos de testemunhas e uma confissão parcial por parte de Cileide. O documento destaca: “Diante da comprovação dos indícios de autoria e da materialidade dos crimes, foi feito o indiciamento de Cileide Moussallem Rodrigues pelos delitos de injúria (Art. 140), difamação (Art. 139) e ameaça (Art. 147), previstos no Código Penal Brasileiro”.
As mensagens ameaçadoras foram publicadas por Cileide em um grupo de WhatsApp chamado “Jornalistas AM”, com aproximadamente 270 participantes. As postagens surgiram após a REVISTA CENARIUM divulgar uma matéria envolvendo Janary Wanderlei, marido da blogueira, que está sendo investigado pelo Ministério Público por supostas irregularidades em contratos públicos.
Entre os trechos destacados no inquérito, a blogueira afirmou: “Ela vai pagar caro. Ela tem filhas. Quem paga são os filhos”, e também: “Agora vou ter que te achar nem que seja no inferno”. As mensagens eram direcionadas diretamente a Paula Litaiff e suas crianças.
A situação se agravou com a divulgação de um áudio publicado pelo Portal Imediato, no dia 13 de novembro de 2024, no qual Cileide, supostamente em São Paulo, declara estar em busca de “recomendações de pistoleiros” para assassinar a jornalista. “Sangue. Eu vou matar ela nem que eu vá presa”, diz o áudio, atribuído à blogueira.
O estopim das ameaças teria sido uma reportagem investigativa da CENARIUM, publicada em 8 de novembro de 2024, que detalha a atuação da empresa Provisa — ligada a Janary Wanderlei — em um contrato com a Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc-AM), no valor de R\$ 87 milhões. O contrato foi encerrado após denúncias de má administração e falhas nos serviços prestados à rede estadual de ensino.
A repercussão foi imediata entre entidades de defesa do jornalismo. Associações como a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), o Sinjor-AM (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas) e a Ajor (Associação de Jornalismo Digital) expressaram solidariedade à jornalista e cobraram apuração rigorosa do caso.
“A Abraji acionou a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e o Ministério Público, pedindo providências urgentes. As ameaças configuram um ataque à liberdade de imprensa e à integridade da categoria”, declarou a entidade.
Paula Litaiff também se pronunciou, agradecendo o apoio institucional e destacando sua confiança na Justiça. “Formalizei a denúncia e acredito plenamente que as autoridades competentes agirão dentro dos parâmetros legais”, afirmou.
O inquérito foi finalizado e enviado ao Poder Judiciário no dia 20 de janeiro de 2025, e agora segue para análise e eventuais medidas judiciais.